segunda-feira, 26 de março de 2012

Preconceito Musical

Todos os dias ouvimos falar, somos vítimas, e agimos com diversas formas de preconceito. Preconceito racial, linguístico, regional, religioso, político, de classe, e de opção sexual. Também existe o bullying, que de uma maneira ou de outra já aconteceu à todos nós, e talvez por isso tenha sido um tema tão abordado recentemente. Mas existe outro preconceito muito presente, e que pouco percebemos. Na verdade, percebemos claramente e abafamos o assunto: o preconceito musical.

Somos julgados de todas as maneiras possíveis uns pelos outros, e porque não seríamos julgados pela música que escutamos? Os estilos musicais acabam gerando certos grupos de pessoas, as quais se identificam com aquela música, com o estilo de vestir dos artistas, e muitos adotam até o estilo de vida “proposto” pelo gênero. Alguns exemplos desses grupos são os “metaleiros” (adeptos do Heavy Metal), os “coloridos” (os fãs do Happy Rock) e os “emos” (geralmente jovens, que curtem o rock mais atual, com letras melancólicas).

O Fato é que esses grupos (muitas vezes chamados de “tribos”) acabam praticando o preconceito entre eles: um grupo tem de estar sempre contra o outro. Como se cada pessoa tivesse a obrigação de gostar apenas de um estilo musical.

O preconceito acontece também quando deixamos de falar ou andar com tal pessoa, só porque você não gosta da mesma música que ela, e acaba a julgando como esquisita (na melhor das hipóteses). O preconceito acontece quando você se priva da oportunidade de conhecer um artista novo, porque diz antes mesmo de escutar, que não gosta daquele ritmo.

 Em que mundo estamos vivendo? Em que país vivemos? O Brasil talvez seja um dos países mais “misturados” do mundo, onde existem vários tipos de etnias, e milhares de manifestações musicais. Em uma mesma casa podem ter pessoas que gostem de sertanejo, de forró, de rock, de funk, de eletrônico e de reggae. E essas pessoas precisam saber entender os gostos alheios para poderem conviver bem. Todos nós temos amigos e familiares de estilos diferentes do nosso, e nem por isso deixamos de viver com eles.

Está faltando compreensão. O fato de você não gostar de determinada música, não quer dizer que ela não presta e que não tem qualidade, afinal outras pessoas gostam. O problema é o de sempre: a falta de respeito. Não é preciso derrubar a opinião alheia para demonstrar a sua. Também não é necessário que você goste e escute todos os tipos de música, até porque, gosto é algo particular. Você tem motivos plausíveis para gostar da música que gosta: ela faz você se sentir bem. E não há nada de errado em ter gostos definidos, pois a música está inteiramente ligada às emoções.     

O errado é perseguir e discriminar o que é diferente de você. Ficar apontando, jogando acusações, provocando humilhações (grande parte delas em público), na maioria das vezes causa danos ao indivíduo, morais e psicológicos.

Música é música, é contagiante e agrada de alguma maneira a alguém. Tenho certeza de que mesmo não gostando, você já se pegou com vontade de dançar funk, com vontade de cantar aquele sertanejo das antigas, ou simulando um solo de guitarra na frente do espelho. Então, pra que julgar e dividir algo tão fascinante e abrangente como a música? Não discrimine o outro pela sua maneira de mostrar seus sentimentos e sua personalidade. E como cantou Raul Seixas: “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”. 





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